Top 20: Oscar de Melhor Filme

O prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, originado em 1927, é referido não somente como um dos mais importantes da indústria do cinema, mas também o mais popular reconhecimento para profissionais da área. Agora se preparando para sua 85ª cerimônia, a qual ocorrerá como de costume no próximo mês de Fevereiro, o Oscar chama a atenção pelo alto número de votantes, o qual chega a ultrapassar a marca de 6 mil, incluindo produtores, diretores, atores e profissionais das diversas áreas técnicas – também abrangendo diversas nacionalidades através de membros convidados anualmente a participar da Academia, ainda que o Oscar seja, primeiramente, um prêmio direcionado ao cinema americano.

Entregue oficialmente desde o ano de 1929, quando a primeira cerimônia aconteceu em 16 de Maio no Hollywood Roosevelt Hotel, Los Angeles (oportunidade na qual Asas tornou-se o primeiro vencedor do prêmio), o Oscar já reconheceu grandes diretores em sua história, uma lista que inclui Frank Capra, Martin Scorsese, Oliver Stone e Francis Ford Coppola – e também sendo famoso por vários esquecimentos na categoria (Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Federico Fellini e Robert Altman jamais venceram um prêmio de Melhor Direção, entre tantos outros). Os vencedores da categoria principal foram avaliados pelos membros da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, os quais elegeram aqui os melhores filmes que já receberam tal estatueta. *com informações do IMDb, Oscars.org e Wikipedia

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Rebecca, a Mulher Inesquecível

Rebecca (1940)
dir. Alfred Hitchcock

{156 pontos • 14 votos} Um dos maiores diretores do século XX, Alfred Hitchcock jamais chegou a ganhar um Oscar competitivo, fato pelo qual a Academia é, até a atualidade, bem criticada. Contudo, é preciso notar que um dos seus filmes foi premiado com o prêmio de Melhor Filme, ainda que o produtor David O. Selznick tenha recebido tal láurea. O thriller psicológico que traz diversos elementos próprios da filmografia de Hitchcock é um conto que traz Joan Fontaine como uma jovem mulher que se casa com um rico viúvo (Laurence Olivier), o qual a leva para morar em sua mansão. Contudo, ela descobre que a memória de sua ex-esposa (e personagem-título) ainda afeta o marido e os empregados. Superando em seu ano outros grandes filmes como O Grande Ditador (de Charles Chaplin) e As Vinhas da Ira (John Ford), a vitória de Rebecca pode ser considerada, mesmo que de forma indireta, um reconhecimento ao cinema de Hitchcock.

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Ben-Hur

Ben-Hur (1959)
dir. William Wyler

{170 pontos • 13 votos} Numa época em que os grandes orçamentos de Hollywood eram uma raridade, Ben-Hur foi um dos primeiros filmes que, objetivando levas às telas a visão planejada por sua equipe técnica e criativa, acabou excedendo seus custos iniciais de uma forma inacreditável. Acredita-se que os 15 milhões de dólares (US$ 120 mi caso ajustados pela inflação) gastos tenham sido responsáveis pela produção de Ben-Hur ser a mais cara da história até então. Porém, o resultado provou que o investimento foi acertado. Remake do épico de mesmo nome de 1925, trouxe os maiores sets já construídos para um filme e o que se vê na tela é uma grandiosidade impressiva que nada deixa a desejar para produções contemporâneas. A longa e memorável cena da corrida de bigas exemplifica perfeitamente como a produção técnica pode trabalhar a favor da história. Contudo, acima de tudo, é um drama humano, inspirador e emocionante.

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Sindicato de Ladrões

On the Waterfront (1954)
dir. Elia Kazan

v{176 pontos • 15 votos} Lembrado como um dos filmes célebres do polêmico Eliza Kazan, Sindicato de Ladrões traz Marlon Brando no papel de Terry Malloy – ex-boxeador agora estivador que, sem conhecimento, foi usado para atrair à morte outro trabalhador do cais. Ao mesmo tempo que tenta enfrentar a corrupção de seus chefes, se apaixona pela irmã da vítima, aqui vivida por Eva Marie Saint. Considerando seu contexto político e histórico, o longa arrebata os espectadores com uma trama simples e universal (a frase “I coulda been a contender” é marcante nesse sentido), a qual traz atuações inspiradas (Brando num dos papéis mais icônicos em sua carreira) e um roteiro marcante de Budd Schulberg – baseado em acontecimentos reais a partir de artigos publicados na época.

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Os Imperdoáveis

Unforgiven (1992)
dir. Clint Eastwood

{196 pontos • 19 votos} Ainda que já tivesse conquistado uma bem-sucedida carreira como ator e diretor de fitas de ação, ainda faltava a Eastwood um filme que não só conquistasse o respeito da Academia, como da crítica como um todo. Numa temporada em que os dramas Traídos Pelo Desejo, Retorno a Howards End e Perfume de Mulher pareciam destinados a dominar o Oscar, foi esse verdadeiro representante do western que chamou a atenção dos votantes. Claramente influenciado pelo cinema de Sergio Leone, ao qual Eastwood dedicou o filme, Os Imperdoáveis traz a alma do cinema do diretor, porém mostra um refinamento talvez nunca visto antes em sua filmografia. Considerado o melhor filme do gênero em um longo tempo, terminou por ser um inesperado sucesso de público e, no fim de contas, foi o responsável pelas duas primeiras estatuetas de Eastwood.

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Se Meu Apartamento Falasse

The Apartment (1960)
dir. Billy Wilder

{213 pontos • 18 votos • 1 #1} Billy Wilder, um dos diretores mais celebrados pelo prêmio, chegou ao seu segundo Oscar de Direção com Se Meu Apartamento Falasse, uma comédia dramática de temática bem diferente do longa pelo qual recebeu a sua primeira estatueta, Farrapo Humano (1945). O filme, que chegou a inspirar um musical da Broadway, mostra Jack Lemmon como C.C. Baxter, um homem que, visando subir no seu trabalho, empresta seu apartamento para que executivos da corporação possam ter encontros extraconjugais em diferentes noites da semana. Mas tudo muda com a entrada da personagem de Shirley MacLaine na história, a qual chama a sua atenção de imediato. Apesar da infidelidade ser um tema polêmicos para a época (o que chegou a gerar críticas), sua natureza alegre e até mesmo sentimental conquistou os votantes do Oscar, que aqui premiaram o diretor com 3 estatuetas pelo filme.

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Titanic

Titanic (1997)
dir. James Cameron

{225 pontos • 21 votos} Indubitavelmente um dos maiores sucessos de público em todos os tempos, Titanic é um perfeito representante para o chamado “filme para Oscar”. James Cameron transformou uma história que até poderia render um produto banal nas mãos de outros diretores e foi responsável por aquele que talvez tenha sido o maior feito técnico na história do cinema (e que, basicamente, determinou o caminho a ser seguido pela indústria na década seguinte). Uma história de amor em meio à tragédia do naufrágio, estrelada por dois jovens atores até então pouco conhecidos do grande público e com um orçamento de 200 milhões de dólares, o maior da história, até então. A desconfiança cercando o projeto era evidente, porém o que poderia ser um improvável sucesso acabou superando todas as expectativas e ficando no topo das bilheterias por 15 semanas consecutivas. Talvez o filme vencedor do Oscar mais reconhecido na cultura popular, é uma realização que permanece relevante, algo que a Academia identificou imediatamente.

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Onde os Fracos Não Têm Vez

No Country for Old Men (2007)
dir. Ethan Coen & Joel Coen

{259 pontos • 24 votos} Já velhos conhecidos da premiação, Ethan e Joel Coen chegaram à incerta cerimônia do Oscar (no ano da greve dos roteiristas, não se sabia exatamente como se daria a 80ª edição da mais famosa festa do cinema) como favoritos. Dez anos depois da estatueta de Melhor Filme ter sido negada a Fargo, aquela foi a oportunidade perfeita para a Academia sanar a antiga “dívida” com os irmãos. Onde os Fracos Não Têm Vez traz todos os elementos que fizeram o cinema dupla ser reconhecido: é violento, sombrio, pessimista e tem um final ambíguo. Além disso, um elenco particularmente inspirado à altura dos seu icônicos personagens (incluindo o marcante Anton Chigurh de Javier Bardem) nem deixou dúvidas que o filme é merecedor do sucesso alcançado.

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Beleza Americana

American Beauty (1999)
dir. Sam Mendes

{262 pontos • 23 votos • 1 #1} No que é visto como um dos melhores anos recentes para o cinema, a 72ª edição do Oscar foi marcada pela descoberta de talento que, por seu filme de estreia, viria a ganhar a estatueta de Melhor Direção na categoria com outros novos nomes que ajudariam a definir o cinema da próxima década. Ao lado do roteirista Alan Ball, Sam Mendes criou o que pode ser considerado como clássico moderno, uma obra que percorre temas difíceis com uma facilidade invejável e provoca o espectador a fazer uma análise de sua própria existência. Perfeita união de drama e comédia, Beleza Americana foi aclamado pela crítica e, aos poucos, ainda tornou-se sucesso de público. De candidato improvável ao prêmio de Melhor Filme, Beleza passou a ser uma das escolhas mais acertadas dos votantes nas últimas décadas.

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Noivo Neurótico, Noiva Nervosa

Annie Hall (1977)
dir. Woody Allen

{265 pontos • 23 votos • 2 #1} No ano em que George Lucas apresentou ao mundo uma das sagas mais cultuadas de todos os tempos (e o filme com maior bilheteria até então), foi uma comédia romântica que acabou surpreendendo com o inesperado prêmio de Melhor Filme. À medida que Star Wars era o grande favorito do público, Noivo Neurótico conquistou a crítica com sua história que traz Allen como Alvy Singer, personagem que tenta entender as razões por trás do fim de seu relacionamento com a Annie Hall do título original. A sua história poderia, hoje, ser aplicada a tantos outros filmes que se inspiraram nessa comédia atemporal (e no brilhante cinema de Allen como um todo). Um filme que, de acordo com o próprio diretor, marcou um ponto de mudança em sua carreira, a qual, para a nossa sorte, rende pérolas até hoje.

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Lawrence da Arábia

Lawrence of Arabia (1962)
dir. David Lean

{290 pontos • 22 votos} Num ano que trouxe clássicos como O Sol é Para Todos (Robert Mulligan) e O Pagador de Promessas (o responsável pela primeira indicação do Brasil ao prêmio de Filme Estrangeiro), foi Lawrence da Arábia que deu continuidade à tradição da Academia em premiar grandiosos filmes com uma quantidade considerável de estatuetas. Tendo como cenário a península durante a I Guerra Mundial, o filme é baseado na vida do oficial britânico T.E. Lawrence, aqui vivido por Peter O’Toole num papel que definiu a sua carreira. Bem como boa parte da filmografia de Lean, é conhecido especialmente por suas virtudes técnicas e visuais. Um épico que não poderia ser ignorado pela Academia.

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Amadeus

Amadeus (1984)
dir. Milos Forman

{292 pontos • 22 votos} Um dos filmes de temática musical mais aclamados em todos os tempos, Amadeus também foi o segundo filme do cineasta Milos Forman a vencer tanto o Oscar de Melhor Filme como Melhor Direção. Parte do grande sucesso se deve ao fato de que Forman e o roteirista Peter Shaffer (responsável pela peça que deu origem a tal filme) decidiram conduzir essa biografia de uma forma menos tradicional, contando a história de Wolfgang Amadeus Mozart através da perspectiva de seu parceiro e rival Antonio Salieri, agora confinado a um hospício. Com um memorável desempenho de F. Murray Abraham e Tom Hulce e trilha obviamente marcante, é uma poderosa história e uma perfeita união de som e imagem que não apenas figura entre os melhores trabalhos de Forman, mas também entre os grandes vencedores do prêmio da Academia.

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Um Estranho no Ninho

One Flew Over the Cuckoo’s Nest (1975)
dir. Milos Forman

{295 pontos • 25 votos} Bem antes de Amadeus, Milos Forman já havia chamado a atenção da Academia com essa história adaptada a partir de um romance de Ken Kesey. Aqui, Jack Nicholson vive um rebelde que, após preso, se passa por louco e acaba em uma instituição psiquiátrica. Lá, começa a influenciar outros pacientes para derrubar a opressiva e sádica enfermeira Ratched, vivida por Louise Fletcher. Num ano com competição extremamente forte, a qual incluía já aclamados Stanley Kubrick e seu Barry Lyndon, Sidney Lumet com Um Dia de Cão e Robert Altman com Nashville, além de um jovem Steven Spielberg com o blockbuster Tubarão, foi a visão original de Forman em seu segundo filme americano que conquistou os votantes da Academia.

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O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

The Lord of the Rings: The Return of the King (2003)
dir. Peter Jackson

{296 pontos • 23 votos • 3 #1} Um dos projetos cinematográficos mais ambiciosos que já foram realizados, a trilogia O Senhor dos Anéis terminou por ser a mais bem-sucedida em todos tempos em termos comerciais, superando qualquer expectativa dos fãs do universo criado por J.R.R. Tolkien. Inicialmente recusado por diversos estúdios, o projeto acabou por ter suas três partes filmadas consecutivamente e, graças à visão de Peter Jackson e sua equipe, também veio a conquistar 17 Oscars de 30 indicações durante os três anos (todos foram indicados para Melhor Filme). Após as críticas à Academia por negar um prêmio de Melhor Filme nas duas primeiras oportunidades (em especial por A Sociedade do Anel), os votantes resolveram reconhecer o feito de Jackson com o último filme da saga, O Retorno do Rei, um triunfo de técnica e narrativa felizmente não esquecido pela Academia.

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…E o Vento Levou

Gone with the Wind (1939)
dir. Victor Fleming

{358 pontos • 24 votos • 4 #1} Citado como um dos melhores filmes de todos os tempos, …E o Vento Levou também pode ser considerado como um dos projetos mais conturbados de Hollywood. Centrado na icônica Scarlett O’Hara, personagem de Vivien Leigh, o longa teve constantes trocas em sua equipe de produção (incluindo o posto de diretor, creditado apenas a Victor Fleming) e custou mais do que deveria. Contudo, esses problemas iniciais parecem ter sido superados à medida que tornou-se o filme mais bem-sucedido em todos os tempos (com os números ajustados). Um dos primeiros filmes a usar a technicolor, …E o Vento Levou conta com exuberantes cenários e figurinos, além da fotografia impressiva de Ernest Haller e a trilha memorável de Max Steiner (considerada por muitos como a melhor da história). Um clássico indiscutível que até hoje emociona diferentes gerações.

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Casablanca

Casablanca (1942)
dir. Michael Curtiz

{382 pontos • 28 votos • 2 #1} Com a II Guerra Mundial como pano de fundo, Casablanca é muito mais que uma reflexão daquele momento histórico. Acima de tudo, é a história de um homem (Humphrey Bogart) dividido entre o amor e a virtude. Um dos melhores filmes de romance em todos os tempos (e um dos longas que definiram o gênero), é relevante por enveredar em caminhos até então pouco convencionais para histórias de amor do cinema americano, pela quantidade de frases célebres e pelas qualidades técnicas (incluindo a sua fotografia que remete ao film noir) que renderam algumas das sequências mais marcantes de todos os tempos, incluindo o seu final até hoje visto como um dos melhores da história. Ainda que Bogart tenha perdido sua estatueta de Melhor Ator em sua primeira indicação, o prêmio na categoria principal era inevitável graças à importância do filme para época, seja esta história ou cinematográfica.

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A Malvada

All About Eve (1950)
dir. Joseph L. Mankiewicz

{386 pontos • 27 votos • 4 #1} Sem grande concorrência, a maior competição em 1950 se deu entre aqueles que podem ser considerados os 2 maiores clássicos daquela temporada: Crepúsculo dos Deuses (de Billy Wilder) e A Malvada. E por certas semelhanças temáticas, ambos atraíam comparações e não à toa foram os filmes mais lembrados pelos votantes do Oscar naquela oportunidade. A diferença, contudo, é que A Malvada bateu o recorde com maior número de indicações em todos os tempos (o qual apenas Titanic viria a empatar em 1997), com 14 ao todo, evidenciando o seu nível exemplar quanto à técnica e a excelência alcançada pela equipe criativa. Aqui, Bette Davis é uma estrela da Broadway que vê uma fã (Anne Baxter) se infiltrar em sua vida, ameaçando a sua carreira e os relacionamentos. Em meio a uma trama que poderia parecer simples, A Malvada debateu temas pouco vistos em Hollywood, motivo pelo qual permanece como um clássico essencial.

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A Lista de Schindler

Schindler’s List (1993)
dir. Steven Spielberg

{390 pontos • 31 votos • 3 #1} A tempo do surgimento de A Lista de Schindler, Spielberg já era um diretor respeitado pela indústria graças a sucessos de bilheteria como Tubarão (de 1975), Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e E.T. – O Extraterrestre (1982). Entretanto, Schindler veio a preencher uma lacuna visível na filmografia do diretor: um filme que não apenas conquistasse o respeito da crítica, mas que trouxesse uma importância histórica e cultural significativa. Através do conto de Oskar Schindler, o alemão que salvou a vida de mais de mil judeus refugiados durante o Holocausto, o brilhante roteiro de Steven Zaillian e decisões técnicas que evidenciam a fotografia orgânica de Janusz Kaminski, o longa trata do tema com tanta propriedade que é complicado não considerá-lo como um dos melhores filmes americanos de todos os tempos.

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O Silêncio dos Inocentes

The Silence of the Lambs (1991)
dir. Jonathan Demme

{402 pontos • 35 votos • 4 #1} Baseado no livro de Thomas Harris, Silêncio dos Inocentes traz Jodie Foster como Clarice Sterling, uma jovem agente do FBI que procura a ajuda do prisioneiro Dr. Lecter (Anthony Hopkins, vencedor do Oscar de Melhor Ator com cerca de 16 minutos em cena) com o objetivo de prender outro serial killer. Até então o único filme de horror a vencer o Oscar de Melhor Filme (somente O Exorcista e Tubarão haviam sido indicados anteriormente), é também um projeto ousado em forma e temática que acabou alcançando o merecido reconhecimento na época de lançamento. Jonathan Demme, com a colaboração do roteirista Ted Tally, é responsável por esse clássico moderno que, com sua narrativa sombria, provoca indescritíveis reações nos espectadores, um projeto um pouco desacreditado de início que provou ser merecedor de tanta atenção e reconhecimento.

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O Poderoso Chefão: Parte II

The Godfather: Part II (1974)
dir. Francis Ford Coppola

{439 pontos • 26 votos • 4 #1} Desafiando o conceito de que as continuações sempre ficam aquém da qualidade do original, O Poderoso Chefão: Parte II foi amplamente considerado como a melhor sequência em todos os tempos. A reação dos produtores ao primeiro filme foi tão positiva que, antes mesmo das filmagens serem encerradas, uma continuação para a saga já era planejada – dessa vez apenas parcialmente baseada no romance de Mario Puzo. Depois dos eventos do primeiro filme, a segunda parte apresenta duas tramas que ocorrem paralelamente: ao passo que vemos Michael (Al Pacino) tomar a liderança dos negócios da família em 1958, também acompanhamos aqui os primeiros anos de seu pai, Vito (Robert De Niro), desde sua infância na Sicília em 1901 até o surgimento dos Corleone nos anos 20. Visto por muitos como um filme de gângster melhor que o original, é um notável exemplar de como expandir o universo criado anteriormente sem manchar a memória do filme que lhe deu origem.

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O Poderoso Chefão

The Godfather (1972)
dir. Francis Ford Coppola

{650 pontos • 38 votos • 13 #1} Frequentemente citado como o melhor filme de todos os tempos, O Poderoso Chefão é a obra definitiva do gênero policial e, indiscutivelmente, um exemplar máximo do cinema em geral. Adaptado por Coppola e Mario Puzo a partir de um livro do segundo, a produção é focada na ascensão de Michael Corleone (Al Pacino) como chefe do crime ao passo que também envereda pelos acontecimentos que cercam a família Corleone pela visão do patriarca Vito (Marlon Brando) entre os anos de 1945 e 1955. Visto inicialmente com desconfiança pela Paramount (responsável por sua produção), que não aprovou o elenco e as escolhas de Coppola na direção, O Poderoso Chefão foi aclamado de imediato pela crítica e público, tornando-se um grande sucesso de bilheteria. Com enorme vantagem sobre os demais concorrentes, merecidamente o filme é agora lembrado como o melhor vencedor do Oscar em suas 84 edições.

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Top 20: Festival de Cannes

Criado em 1946 através de uma iniciativa de Jean Zay (então o ministro da Educação e das Belas Artes), o Festival de Cannes teve como objetivo inicial revelar e valorizar obras para servir à evolução do cinema, favorecer o desenvolvimento da indústria do filme no mundo e celebrar a Sétima Arte a nível internacional. Já passando de sua 65ª edição, a qual se deu no último mês de Maio, o Festival manteve seu prestígio por décadas e hoje é considerado por muitos como o mais importante do mundo. Além das mostras paralelas e competitivas, Cannes chama a atenção por reunir um alto número de profissionais e personalidades que, a cada ano, celebram produções de nacionalidades diversas que buscam o prêmio máximo do Festival: a Palma de Ouro.

Entregue oficialmente desde o ano de 1955, a Palma é vista como um dos reconhecimentos de maior prestígio na indústria. Não à toa, grandes diretores como Federico Fellini, Martin Scorsese, Luis Buñuel, Luchino Visconti e Akira Kurosawa foram agraciados com o prêmio – além de tantos outros citados na lista baixo. Um reflexo da importância para o seu tempo pela visão de um júri diversificado, os vencedores de Cannes agora foram analisados pelos membros da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos, os quais elegeram em fase única os vinte melhores filmes que já receberam tal láurea (sendo elegíveis, inclusive, longas que venceram o Grand Prix quando este era válido como prêmio máximo). *com informações do site oficial de Cannes e Wikipedia

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Os Guarda-Chuvas do Amor

Les Parapluies de Cherbourg (1964)
dir. Jacques Demy

{101 pontos • 9 votos • 1 #1} Na edição em que dois dos maiores filmes brasileiros estavam na mostra competitiva (Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos), foi um musical francês que mais chamou a atenção do júri presidido por ninguém menos que o cineasta Fritz Lang. Estrelado por Catherine Deneuve, Os Guardas-Chuvas do Amor não possui diálogos falados, mas sim cantados, um fato nada convencional para o gênero filmado. Talvez pela onipresente música de Michel Legrand e a vívida fotografia de Jean Rabier, tenha conquistado o público de imediato, influenciando também outras produções do gênero, especialmente na França.

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Entre os Muros da Escola

Entre les Murs (2008)
dir. Laurent Cantet

{108 pontos • 11 votos • 1 #1} Eleito de forma unânime pelo júri como melhor filme, Entre os Muros da Escola também quebrou um longo jejum sem vitórias francesas no Festival (a última, Sob o Sol de Satã, ganhou em 1987). Último filme exibido da mostra competitiva, conquistou completamente o júri presidido por Sean Penn na edição que deixou a desejar, mesmo contando com grandes diretores como Clint Eastwood, Steven Soderbergh, Walter Salles e os irmãos Dardenne. O longa foi baseado nas experiências de François Bégaudeau (que, além de roteirizar, protagoniza a fita) enquanto professor de literatura, atentando às dificuldades do sistema educacional francês. Brilhantemente evidenciando fraturas éticas nos personagens, encanta o espectador mesmo com uma técnica simples.

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Viridiana

Viridiana (1961)
dir. Luis Buñuel

{126 pontos • 10 votos} Considerado um dos cineastas mais controversos de sua geração, o espanhol nacionalizado mexicano Luis Buñuel alcançou certo reconhecimento da crítica no Festival de Cannes em 1961. Por sua temática que revelou uma visão nada lisonjeira dos valores cristãos, Viridiana já estava fadado à polêmica e foi condenado pelo Vaticano por blasfêmia e indecência (algo que Buñuel disse não ter feito de maneira deliberada), além de ser banido em seu próprio país pelo governo do ditador Francisco Franco, sendo exibido na Espanha apenas no final dos anos 70. Entretanto, depois de uma frustrada tentativa de ter a exibição proibida em Cannes, o filme foi aclamado no Festival e recebeu a Palma de Ouro pelas mãos do júri comandado pelo autor francês Jean Giono.

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O Piano

The Piano (1993)
dir. Jane Campion

{148 pontos • 15 votos} Mesmo diversificado, Cannes não costuma premiar mulheres com o seu prêmio máximo. Na verdade, até certa época, era raro ver alguma cineasta na mostra competitiva do Festival. Isso mudou em 1993 com a neozelandesa Jane Campion, primeira e (até hoje) única diretora a vencer a Palma de Ouro. Campion não era exatamente novata em Cannes, uma vez que já havia sido premiada no Festival por seu primeiro curta, porém o reconhecimento do poético O Piano pelo júri de Louis Malle (dividido com Adeus Minha Concubina, de Chen Kaige) não só foi um importante indicativo de mudanças como ainda estabeleceu que o cinema da Nova Zelândia deveria ser respeitado.

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O Show Deve Continuar

All That Jazz (1979)
dir. Bob Fosse

{152 pontos • 14 votos • 1 #1} Dividindo o prêmio com Kagemusha, a Sombra do Samurai de Kurosawa, All That Jazz é uma perfeita representação do cinema de Bob Fosse. A trama semi autobiográfica é inspirada em alguns aspectos da vida do diretor e sua carreira como dançarino e coreógrafo, numa versão interpretada por Roy Scheider – e por isso chegou a ser comparado com de Fellini, outro filme com momentos biográficos e elementos de fantasia. Estão presentes os aspectos facilmente reconhecíveis de Fosse, como o rigor nas sequências musicais e a técnica apurada, ainda que aqui o tom seja mais sombrio. A obra, reconhecida pelo júri presidido por Kirk Douglas, é considerada um marco na carreira do diretor de Cabaret, um dos derradeiros filmes de sua brilhante trajetória.

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A Árvore da Vida

The Tree of Life (2011)
dir. Terrence Malick

{174 pontos • 17 votos} Vencedor da mais recente edição do Festival elegível à votação, A Árvore da Vida aparenta ser a perfeita representação em forma e conteúdo do cinema de Terrence Malick. Robert De Niro, presidente do júri, afirmou que o longa tem a dimensão, importância e propósito que parecem ser próprios do prêmio. Projeto maturado por anos, certamente não é uma das experiências mais fáceis para o espectador comum, em especial por sua estrutura pouco tradicional que explora temas como a vida e a morte – talvez por isso tenha causado tamanho impacto. Parcialmente ofuscada pela polêmica envolvendo as declarações de Lars Von Trier (as quais ocuparam grande parte da cobertura jornalística), tal vitória veio a consagrar a carreira de poucos, mas fundamentais, filmes de Malick.

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A Conversação

The Conversation (1974)
dir. Francis Ford Coppola

{175 pontos • 17 votos} Um pouco antes de dar prosseguimento à saga da família Corleone no cinema, Francis Ford Coppola levou à Cannes um thriller psicológico que, juntamente a O Poderoso Chefão: Parte I e II e ao posterior Apocalypse Now, constitui a melhor fase de sua carreira. Não à toa, ele foi premiado com o Oscar de Melhor Filme pelos dois primeiros e com a Palma de Ouro pelo último. Com A Conversação, ganhou o Grand Prix em Cannes, prêmio máximo daquela edição do Festival. Em uma seleção que incluía até Spielberg (que acabou levando um prêmio de roteiro), outro diretor com grande influência nos anos 70, o júri presidido pelo cineasta francês René Clair optou pelo instigante longa de Coppola, cuja temática ainda repercute nos dias atuais.

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4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

4 Luni, 3 Saptamâni si 2 Zile (2007)
dir. Cristian Mungiu

{178 pontos • 17 votos • 1 #1} De forma semelhante a Tarantino na década de 90, Cristian Mungiu chegou pela primeira vez à mostra competitiva em Cannes com apenas um longa-metragem na bagagem, além de trabalhos secundários. Na edição que contou com grandes cineastas do calibre de Wong Kar-Wai, David Fincher e o próprio Tarantino, a surpresa do Festival foi, sem dúvida, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias. Com fundo político-social, o drama, que além de ser reconhecido pelo júri de Stephen Frears também conquistou um prêmio da Federação Internacional dos Críticos, explora a questão do aborto de maneira nunca vista, cujo impacto é ampliado pelo estilo cru da direção e pelo desempenho da sua protagonista, Anamaria Marinca. Primeiro filme romeno a receber a Palma, provou que Cannes também pode lançar nomes praticamente desconhecidos ao mercado mundial.

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A Fita Branca

Das Weiße Band (2009)
dir. Michael Haneke

{180 pontos • 15 votos} Certa vez, o diretor Michael Haneke comentou: “Acredito que os filmes devem oferecer aos espectadores mais espaço para imaginação e auto-reflexão. Os que têm muitos detalhes e clareza moral são utilizados para consumo irracional”. Essa é a principal característica do cinema do austríaco, que chegou à sua primeira Palma de Ouro com A Fita Branca (com Amour tornou-se nesse ano um dos poucos na história do Festival a ganhar o prêmio mais de uma vez). O longa, que tematicamente explora as raízes do mal, é passível a múltiplas interpretações. Isabelle Huppert, presidindo o júri, foi criticada por essa escolha por alguns segmentos, alegando que o fato de ser amiga do diretor poderia ter favorecido tal decisão. Após ser aclamado por crítica e público ao redor de todo o mundo, a vitória parece estar acima de qualquer suspeita.

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Elefante

Elephant (2003)
dir. Gus Van Sant

{181 pontos • 15 votos • 1 #1} Uma década após a última vitória americana em Cannes (os Estados Unidos são o país com maior número de Palmas), Gus Van Sant quebrou tal jejum com um filme de tema polêmico, o qual não só gerou fortes críticas em seu país de origem, como ainda foi considerado “irresponsável” por alguns. Livremente inspirado no massacre de Columbine, Elefante também recebeu um raro prêmio concomitante de direção (o júri foi presidido por Patrice Chéreau) – calando críticos que apostavam em Dogville. “Eu não critico os Estados Unidos. O que mostro é meu ponto de vista, de minha própria vivência. A crítica do filme é à pressão para que tudo se adapte a um modelo e ao esquecimento da diversidade. Elefante não é antiamericano, é uma reflexão sobre a violência nas escolas”, o diretor comentou, após a consagração.

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O Pianista

The Pianist (2002)
dir. Roman Polanski

{223 pontos • 20 votos} No primeiro Festival de Cannes pós 11 de Setembro, as atenções pareciam estar voltadas para o documentário Bowling for Columbine, de Michael Moore. Cobrindo um dos massacres de maior atenção da mídia, o longa trazia um estudo sobre a natureza da violência nos Estados Unidos – e, talvez pela sua importância para o contexto daquele ano, tenha levado o prêmio especial da 55ª edição do Festival. O júri presidido por David Lynch, porém, premiou com a Palma de Ouro um filme mais tradicional: O Pianista, de Roman Polanski. Adaptação da autobiografia homônima do judeu Wladyslaw Szpilman, o longa se concentra na jornada do músico durante a II Guerra Mundial, também trazendo algumas conexões com o próprio passado de Polanski. Ao final, O Pianista era o perfeito representante para liderar aquela seleção de Cannes; um filme realista sobre os efeitos da guerra e a importância da paz.

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Blow-Up: Depois Daquele Beijo

Blow-Up (1966)
dir. Michelangelo Antonioni

{236 pontos • 18 votos • 1 #1} Com Blow-Up, Antonioni ficou mundialmente conhecido ao vencer o Grand Prix de Cannes em 67 no júri comandado pelo também italiano Alessandro Blasetti. Primeiro longa do cineasta na língua inglesa, mostra um fotógrafo que acredita ter testemunhado um assassinato e inconscientemente ter tirado fotos deste. O diretor chegou a comentar na coletiva de imprensa no Festival que necessitaria de pelo menos outro filme para explicar Blow Up. “A maior dificuldade que encontrei foi a de representar a violência da realidade. O erotismo ocupa um lugar de máxima importância, contudo, geralmente, se enfatiza uma sensualidade fria, calculada”, comentou Antonioni. Sucesso absoluto (rendeu $20mi na época, que ajustados equivaleriam a $120mi hoje), também contribuiu para uma mudança de atitude em Hollywood por sua franca visão do sexo.

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O Pagador de Promessas

O Pagador de Promessas (1962)
dir. Anselmo Duarte

{240 pontos • 18 votos • 2 #1} Há exatos 50 anos, O Pagador de Promessas fez história em Cannes como primeiro (e, até hoje, único) filme brasileiro a vencer a Palma de Ouro, mas a disputa pelo prêmio certamente foi uma das mais acirradas já vistas no Festival. O júri, que foi presidido pelo autor japonês Tetsuro Furukaki, teve uma complicada tarefa de escolher o vencedor entre os longas de Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni, Sidney Lumet, Robert Bresson e Agnés Varda, laureando o filme de Duarte (fato que gerou certas “controvérsias” em alguns segmentos). Contudo, hoje O Pagador de Promessas não só é visto como marco de nosso cinema, como uma produção fundamental para estabelecer a força de um vigente cinema brasileiro – inclusive a nível internacional.

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O Leopardo

Il Gattopardo (1963)
dir. Luchino Visconti

{244 pontos • 19 votos • 3 #1} Baseado no romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, O Leopardo chegou a Cannes com ar de “favorito” graças ao sucesso dos filmes anteriores do diretor Luchino Visconti em Veneza; e, afinal, acabou mesmo sendo premiado pelo júri do dramaturgo Armand Salacrou com a Palma de Ouro. O filme, que possui diferentes versões com durações diversas, é um retrato do declínio da aristocracia siciliana durante o período do Risorgimento. Maior sucesso da carreira do diretor e considerado pela crítica como seu grande filme, O Leopardo não apenas chama a atenção pela perfeição técnica, como é dono de algumas das sequências mais memoráveis e famosas do cinema, em especial o baile que predomina seus quarenta minutos finais.

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Paris, Texas

Paris, Texas (1984)
dir. Wim Wenders

{260 pontos • 23 votos • 1 #1} Vencedor da Palma de maneira unânime pelo júri presidido pelo ator inglês Dirk Bogarde, Paris, Texas é uma das poucas produções a também vencer os prêmios da Federação Internacional de Críticos e do Júri Ecumênico na mesma edição. Além disso, é uma das duas produções dos anos 80 a surgir na lista da SBBC – provando a importância do cinema de Wim Wenders para aquela década. O tema central do filme, cujo título faz referência a uma cidade texana, é a alienação social na América. Porém, segundo muitos críticos, o longa é notadamente reconhecido pela maneira como capta o espírito do Texas através da fotografia magistral de Robby Müller, utilizando as paisagens e clima das locações a seu favor, além do uso da música de Ry Cooder.

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Dançando no Escuro

Dancer in the Dark (2000)
dir. Lars von Trier

{282 pontos • 20 votos • 2 #1} Polêmicas podem ser aguardadas nas edições de Cannes nas quais o dinamarquês Lars von Trier apresenta um novo trabalho. Foi assim com Dogville, Anticristo e mais recentemente Melancolia. Porém, muito antes de se tornar “persona non grata” no Festival (e prometer abster-se das declarações públicas e entrevistas), von Trier conquistou o júri de Luc Besson com o seu Dançando no Escuro. Abandonando muitas das normas criadas no manifesto Dogma 95, mas não seu estilo característico, o longa trouxe a cantora Björk (a vencedora do prêmio de Melhor Atriz) como uma imigrante que, frente às dificuldades do cotidiano, encontra nos musicais uma forma de fantasiar outra realidade. E como não poderia deixar de ser, rendeu a maior quantidade de comentários, aclamações e críticas daquele ano, algo ao qual o diretor já está bem acostumado.

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A Doce Vida

La Dolce Vita (1960)
dir. Federico Fellini

{344 pontos • 21 votos • 2 #1} Ponto alto da carreira de Fellini e um dos maiores clássicos do cinema, A Doce Vida não foi o primeiro italiano a vencer o prêmio máximo em Cannes, mas foi o primeiro a levar a Palma de Ouro após a criação desta em 55. Georges Simenon, autor belga presidente do júri, afirmou que o principal motivo para a vitória de Fellini foi a inovação estilística e temática promovida pelo longa. Ovacionado durante a cerimônia de encerramento – a qual ainda contou com mais uma obra italiana levando o Prêmio do Júri (L’Avventura, de Michelangelo Antonioni) -, A Doce Vida marcou um período de transição entre o neo-realismo e o simbolismo na carreira do diretor. Com sequências marcantes que encantam pela originalidade artística, é facilmente um dos mais memoráveis de Cannes.

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Pulp Fiction: Tempo de Violência

Pulp Fiction (1994)
dir. Quentin Tarantino

{449 pontos • 28 votos • 4 #1} Apresentado nos últimos dias de competição em 1994, Pulp Fiction surgiu no momento no qual o Festival ainda não tinha um grande favorito à Palma de Ouro. Contudo, segundo o próprio Clint Eastwood (presidente do júri) afirmou, a partir daquele momento foi complicado não enxergar tal longa como o melhor daquela seleção – e, possivelmente, daquele ano. Cães de Aluguel já tinha mostrado o potencial de Tarantino e sem dúvida a sessão de seu segundo longa foi uma das mais esperadas. A recepção foi, em sua maior parte, positiva, e o sucesso entre os críticos fez com o diretor fosse reconhecido no mundo, também atingindo a maior bilheteria (até então) para um vencedor da Palma de Ouro. Relevando os poucos críticos que não consideravam o longa digno do prêmio (e uma espectadora que chamou a atenção durante o discurso de Quentin), Pulp Fiction parece ser a melhor representação do cinema dos anos 90.

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Apocalypse Now

Apocalypse Now (1979)
dir. Francis Ford Coppola

{454 pontos • 28 votos • 7 #1} Estabelecido como um dos grandes diretores de cinema, foi por pouco que Francis Ford Coppola não apresentou Apocalypse Now no Festival. Já com uma vitória no prêmio em Cannes por A Conversação (1974), Coppola teve que persuadir a estreia de uma versão inacabada de épico de guerra com aproximadamente três horas de duração. Mesmo com o fato, o longa gerou uma recepção extremamente positiva após sua primeira sessão, eventualmente conquistando a Palma de Ouro pelas mãos do eclético júri comandado pelo dramaturgo francês Françoise Sagan – prêmio que dividiu com o alemão O Tambor, de Volker Schlöndorff. Após sua exibição, Coppola comentou: “Meu filme não é sobre (a guerra do) Vietnã, ele é Vietnã”, referindo-se à árdua tarefa de produzir o longa. Um dos grandes filmes da história, rendeu mais uma citação ao diretor no ranking, o único com mais de um filme representado.

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Taxi Driver

Taxi Driver (1976)
dir. Martin Scorsese

{510 pontos • 32 votos • 4 #1} Quando apresentou Taxi Driver em Cannes, Scorsese ainda não possuía uma carreira tão estabelecida quanto alguns dos seus concorrentes na mostra competitiva. Dentre os cineastas renomados presentes naquela edição, podem ser citados Roman Polanski, Éric Rohmer e Carlos Saura – além de outros relativamente novos como Wim Wenders e Alan Parker. Contudo, atualmente é complicado ver o júri (presidido pelo autor americano Tennessee Williams) premiando qualquer outro filme que não fosse este, considerado por muitos como o mais marcante de Scorsese. Trazendo Robert De Niro em um dos seus personagens definitivos, Taxi Driver teve importância inestimável no auge do cinema americano independente e certamente é uma das obras mais influentes de todos os tempos. Não à toa esteve presente na lista de todos os votantes.