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Cisne Negro • de Darren Aronofsky
[P]ara muitos, a perfeição é somente uma ideia, condição que é uma verdadeira utopia, portanto deve ser almejada, uma vez que não existe. Sendo analisado por um ponto de vista um tanto simples, o filme Cisne Negro, de Darren Aronofsky, retrata uma história da jovem bailarina Nina Sayers (Natalie Portman) em busca da perfeição. Porém, a partir do momento em que o seu diretor e coreógrafo Thomas Leroy (Vincent Cassel) acrescenta um elemento sentimental a esta equação (é dele tal frase: “a perfeição não é somente uma questão de controle. É também uma questão de se deixar levar. Surpreenda a você mesma de forma a surpreender a audiência. Transcendência! Poucos têm isso dentro de si”), Cisne Negro deixa de ser sobre balé e passa a ser um suspense psicológico sobre a desintegração emocional de sua personagem principal. O filme nos surpreende e nos deixa sem estrutura. A gente mergulha junto da viagem de Nina e só ficamos com uma constatação: a perfeição deixou de ser uma utopia. Ela foi alcançada. Todos nós sentimos. {KAMILA AZEVEDO}
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A Árvore da Vida • de Terrence Malick
[A] Árvore da Vida se constitui como obra das mais abertas e passíveis de descobertas a cada revisão. Malick faz aqui o seu filme mais ambicioso e mesmo que dialogue com seus outros trabalhos no sentido de aproximar o homem da natureza, essa relação foi aqui intensificada pelo peso que a própria Criação possui sobre a vida das pessoas. Não é uma obra fácil, mas constitui um prazer imenso acompanhar os movimentos de uma narrativa que questiona a todo tempo a existência humana. Terrence Malick, que aqui assina roteiro e a direção, constrói uma narrativa engenhosa, com a sua habitual fragmentação temporal, acompanhada de uma mise-en-scène livre. Muita gente tem acusado o filme de vender sua beleza extrema a troco de um vazio narrativo. Mas a beleza das imagens parece estar mais a serviço de uma história que desvenda a relação do homem com o espaço ao redor. É uma grande experiência estético-emocional, não somente pela beleza formal da jornada de seus personagens, mas porque não se esgota com facilidade. {RAFAEL CARVALHO}